quinta-feira, 27 de março de 2008

Histórinhas de grávida


Esta minha inédita condição de grávida tem me permitido vivenciar situações novas. Atendimento preferencial, por exemplo, inclui gestantes (e lactantes, às vezes aparece a referência nas plaquinhas, eu nunca tinha reparado). E que eu saiba, inclui TODAS as gestantes, sem especificação de tempo de gravidez (o que é totalmente justo, já que os primeiros meses são os mais cansativos e desconfortantes) ou de tamanho da barriga.

Pois bem, demorei um pouquinho para começar a usufruir do meu benefício, pois no início tinha vergonha, acho que eu não me considerava muito grávida ainda... Mas logo isso passou e eu passei a andar com um resultado de ultra-som na bolsa, que depois substituí pelo cartão de pré-natal, que é menor (hehehe) para o caso de alguém questionar a minha situação.

Quando eu era uma pessoa normal como todas as outras (!!!) eu ficava indignada muitas vezes com a quantidade de velhinhos e velhinhas nos bancos, eu pensava que outras pessoas se aproveitavam deles, sabe... Ou de mães com crianças de colo ("que mães desnaturadas, trazem os filhos só pra pegar menos fila..."). Mas agora eu entendo que nós, pessoas beneficiárias do atendimento preferencial, normalmente não temos mesmo outra pessoa para fazer esses serviços em nosso lugar!

A histórinha de hoje é a seguinte: vocês já repararam que os velhinhos são, na maioria das vezes, na deles, calmos, esperam a sua vez, conversam...? E que quase sempre tem uma velhinha (no banco, no metrô...) que gosta de arrumar confusão, reivindicar seus direitos sem muita cortesia?

O "causo" mais recente: eu sentadinha na fila do banco, um senhorzinho sentadinho ao meu lado, que seria o próximo a ser atendido. Aí chega a velhinha e não senta ao meu lado, na ordem da fila, mas fica em pé parada na minha frente. Demora um pouquinho, ela olha pra mim, sorrindo, muito simpática, e pergunta se eu estou na fila. Eu olho pra ela, sorrio, respondo muito simpática que sim. Ela continua olhando e sorrindo pra mim, então eu continuo olhando e sorrindo pra ela. Aí ela pergunta de novo se eu estou na fila e eu respondo de novo que estou, sim. Aí vem o complemento da pergunta da senhora, sempre sorrindo com a dentadura, muito simpática (sorriso sarcástico/falso de mulher, vale pra qualquer idade): "E qual é o seu problema?"

!!!

Eu não olhei pros lados, mas vocês devem imaginar que toda a fila das pessoas não atendidas preferencialmente deveria estar olhando pra mim, né?! E quando eu viro o centro das atenções dessa forma, eu fico muito, mas muito vermelha. Aí, toda vermelha, mas ainda sorrindo e com toda a educação eu respondi que não era exatamente um problema, mas que eu estava grávida. A senhora então sorriu, agora sem-graça: "Ah, então é um problema bom, né?!"

O velhinho que estava na minha frente terminou de ser atendido e eu educadamente passei a minha vez para a senhora, - que continuava em pé, na minha frente -, pois achei que o problema dela era maior que o meu.


(Quando eu cheguei em casa, contei pro Duca, porque este não foi o primeiro caso de senhora chata. Perguntei se ele acha que quando eu ficar velhinha também vou ser dessas, chatinhas. Ele acha que sim. Hehehehe!)